Victor Lazarte: a jornada de um grande empreendedor brasileiro
Tudo sobre o co-fundador de um dos unicórnios brasileiros
Oi, Snowballers
hoje, trazemos um texto baseado em uma entrevista inspiradora com Victor Lazarte, uma figura que, além de um empreendedor de destaque, desempenhou um papel marcante na trajetória de pessoas ao seu redor, influenciando suas vidas e ensinando lições valiosas.
Desde a infância, passando por sua formação educacional até os desafios de sua vida adulta, Victor compartilha detalhes que revelam não apenas a sua resiliência, mas também a complexidade de suas experiências.
Victor nasceu na icônica Avenida Paulista, em São Paulo, mas suas raízes familiares são diversas.
Sua mãe veio do Nordeste do Brasil, enquanto seu pai nasceu na Argentina. Este último chegou ao Brasil aos 23 anos, fugindo do regime militar que tomava conta de seu país de origem.
Com um histórico de participação no movimento estudantil, o pai de Victor foi perseguido após a morte de um grande amigo pelas autoridades militares, o que o levou a buscar refúgio e novas oportunidades em solo brasileiro.
Foi no Brasil que ele construiu uma nova vida, marcada pelo encontro com a mãe de Vitor e pelo início de uma família.
Victor e seu irmão, Artur, estudaram inicialmente na Escola Carandá e, posteriormente, no Colégio Arquidiocesano.
No entanto, a experiência no Arquidiocesano foi desafiadora para Victor. Ele descreve a escola como excessivamente tradicional e autoritária, algo que não combinava com seu espírito questionador.
Uma situação marcante foi quando ele corrigiu uma professora de geografia em sala de aula.
A professora havia afirmado que os polos eram mais frios por estarem mais distantes do sol, algo que Vitor, com sua base de conhecimento científico em casa, sabia ser incorreto. Essa atitude o levou à diretoria, mas reforçou sua disposição de sempre buscar a verdade, mesmo diante de adversidades.
Com o tempo, Victor e seu irmão expressaram seu descontentamento com o ambiente do Arquidiocesano, o que levou sua mãe a sugerir uma mudança para o Colégio Bandeirantes, conhecido por seu rigor acadêmico e ambiente competitivo.
A família, de origens humildes, viu a oportunidade de estudar no "Band" como um grande desafio.
E Vitor não decepcionou: desde cedo se destacou em um colégio que incentivava a competição acadêmica, classificando os alunos em diferentes turmas conforme o desempenho.
O Bandeirantes, famoso por seu foco em vestibulares e ensino de alta qualidade, tinha uma cultura de competição que moldou profundamente Victor.
Ele lembra que cada aluno recebia boletins que indicavam sua colocação em relação aos colegas, o que instigava um senso de superação e trabalho duro.
A escola era exigente, com jornadas longas que iam das 7h às 18h30.
No entanto, Vitor acredita que essa formação foi crucial para sua trajetória, mesmo que, de certa forma, o tenha preparado mais para seguir ordens do que para tomar iniciativas. "O mundo fora da escola é o oposto disso", reflete.
O espírito inquieto de Vitor muitas vezes o colocava em conflito com professores. Ele gostava de estudar e ler os materiais antecipadamente, pronto para questionar o que achava inconsistente.
Essa característica de contestar, herdada de um pai cético em relação às instituições, marcou sua adolescência. O desejo de discordar e entender a fundo os temas o tornou um aluno notável e, por vezes, desafiador para os professores.
Apesar da educação exigente, a infância de Vitor foi marcada por simplicidade e pelo amor incondicional dos pais. Ele lembra com carinho como, mesmo diante das broncas escolares, seus pais sempre o apoiavam e o defendiam.
Um aspecto curioso de sua infância foi a relação tardia com a tecnologia; ele só teve acesso a um computador próprio aos 15 anos, herdado do irmão mais velho. Até então, usava Lan Houses para jogar Counter-Strike, uma paixão de juventude.
Desde jovem, a relação com o dinheiro e o desejo de independência sempre foram características marcantes. Crescendo em um ambiente onde o medo da violência e as realidades do Brasil tornavam evidente a importância de ter segurança financeira, ele rapidamente entendeu que o dinheiro significava liberdade e controle sobre sua própria vida.
"Eu odiava quando as pessoas mandavam em mim", conta ele, relembrando sua experiência no colégio católico que frequentava. Esse sentimento de autonomia o impulsionou a buscar formas de se destacar e construir seu próprio caminho.
Na escola, sua paixão por saber como as coisas funcionavam e sua curiosidade incessante o levaram a uma fase de descobertas que incluía até pedir troco para o pai só para sentir que gerenciava algo.
Isso se transformou em uma determinação para estudar e, mais tarde, passar em vestibulares importantes. Ele se destacou em competições acadêmicas, como as Olimpíadas de Matemática, o que só reforçou seu gosto por desafios intelectuais e reconhecimento.
Ao ingressar na faculdade de engenharia na Poli-USP, ele encontrou um ambiente que o fascina até hoje.
Professores que eram verdadeiros mestres, muitos com passados acadêmicos extraordinários, incluindo professores russos que tornavam aulas de matemática e física experiências imersivas e únicas. "Eles falavam de um jeito que parecia complicado, mas quando explicavam, tudo ficava claro, e eu pensava: 'Esse cara é esperto'".
A Poli não era apenas sobre estudos intensos; ele aproveitava as famosas "cervejadas", mas sempre equilibrava diversão com seu desejo de aprender.
Logo, essa busca por excelência o levou para o intercâmbio na França. A oportunidade de estudar fora do país, algo que ele havia vislumbrado como um sonho distante, se tornou realidade graças a uma bolsa do governo francês.
A experiência na França foi transformadora. Embora a faculdade em si fosse mais rígida e exigente em comparação à USP, foi lá que ele teve sua primeira exposição ao mundo dos negócios internacionais e aos exemplos de empreendedores que fizeram história.
Um momento que marcou profundamente essa fase foi assistir a uma palestra de um ex-aluno que havia vendido sua empresa, a Business Objects, por US$ 5 bilhões para a SAP.
“Foi a primeira vez que eu percebi que era possível, que pessoas normais poderiam fazer algo extraordinário”, conta ele, com o brilho nos olhos ao lembrar desse encontro. Isso mudou sua perspectiva para sempre e o fez acreditar que ele também poderia alcançar grandes feitos.
Essa nova mentalidade foi colocada em prática durante seus estágios em Nova York e Londres, em grandes bancos como o Itaú e o JP Morgan, onde ele sentiu que finalmente tinha encontrado sua vocação: o mundo dos negócios e das finanças.
No relato, ele continuou descrevendo como, mesmo com o mercado fechando por volta das 5 da tarde, a jornada não terminava ali.
O pós-fechamento era dedicado a um rigoroso processo de auditoria interna em que os traders precisavam fazer um balanço preciso das operações do dia.
Ele detalhou que isso envolvia a preparação de relatórios diários que informavam os ganhos e perdas de cada trader e da mesa como um todo.
Esses relatórios eram essenciais para que a empresa pudesse monitorar a saúde financeira das operações e tomar decisões estratégicas, e também eram revisados por supervisores e, eventualmente, por auditores externos.
Esse período pós-fechamento podia se estender até o início da noite, especialmente em dias movimentados ou quando havia volatilidade no mercado, exigindo atenção aos detalhes e a capacidade de trabalhar sob pressão.
Ele mencionou que a cultura do banco valorizava muito a precisão, e erros nos cálculos poderiam ter consequências sérias, tanto para o trader quanto para a empresa.
Por isso, a rotina incluía várias verificações e cruzamentos de dados, e a colaboração entre a equipe era fundamental para manter a consistência e a qualidade dos relatórios.
Além disso, ele explicou que a rotina no banco de investimento era extremamente intensa e exigente.
Os dias começavam muito cedo, já que o mercado abria às 7 da manhã, e todos precisavam estar preparados às 6h30.
Para garantir isso, ele chegava ao escritório muitas vezes antes do amanhecer. Essa prática resultava em uma rotina cansativa que consumia grande parte do seu tempo, deixando pouco espaço para atividades sociais ou pessoais durante a semana.
Os dias de trabalho incluíam a análise de balanços financeiros de empresas, acompanhamento de notícias econômicas e políticas que poderiam afetar o mercado, além de interações constantes com clientes e outros setores do banco para negociar títulos e derivativos de crédito, como credit default swaps (CDS).
Na época, o CDS estava em um momento de muita relevância por causa da crise financeira de 2008, que causou o colapso de grandes instituições como o Lehman Brothers.
O JP Morgan, ao contrário, saiu fortalecido dessa crise e estava em uma posição de liderança no mercado de derivativos de crédito.
Essa posição privilegiada trouxe grandes volumes de trabalho e oportunidades para os profissionais que estavam lá naquele momento. Trabalhar com CDS envolvia entender profundamente o risco de crédito de diferentes empresas e governos e negociar com fundos de investimento que buscavam proteção ou exposição a esses riscos.
Um detalhe interessante foi como ele descreveu o ambiente em Londres: embora o trabalho fosse exaustivo, havia um certo prestígio associado a trabalhar no JP Morgan, especialmente em um momento pós-crise, onde poucas instituições conseguiam manter um alto nível de atividade.
Ele falou sobre a diversidade da equipe, composta por pessoas de várias nacionalidades, cada uma trazendo uma perspectiva diferente sobre os mercados. Isso também significava que havia uma cultura de alta competitividade e expectativa por parte dos supervisores, que eram rigorosos quanto à performance.
Naquele estágio da carreira, ele percebeu que, embora valorizasse estar cercado por pessoas inteligentes e comprometidas, a hierarquia e as regras rígidas que regiam o ambiente corporativo começaram a desafiar seu desejo de autonomia e de criar suas próprias oportunidades.
Ainda assim, o tempo no JP Morgan foi essencial para desenvolver uma base sólida em finanças, entender como grandes instituições operavam e perceber o que ele queria (ou não) para o futuro da sua carreira.
Apesar de não ter aproveitado todo o potencial da experiência devido a sua bagagem ainda limitada, os meses em Londres foram cruciais para moldar suas habilidades de trabalho em equipe, pensamento estratégico e resiliência frente à pressão, todos atributos que ele levaria adiante na carreira e na vida.
Wildlife Studios
A história de Victor e seu irmão é um testemunho de perseverança, criatividade e adaptação, capturando a essência de como uma ideia pode se transformar em uma das empresas de jogos mais bem-sucedidas de sua época.
Victor trabalhava em um renomado banco em Londres, mas, frustrado com as muitas regras que considerava desnecessárias, começou a vislumbrar novos caminhos.
Ele e seu irmão, ambos apaixonados por tecnologia e desafios, começaram a conversar sobre a possibilidade de criar aplicativos, inicialmente pensando em algo que pudesse oferecer diversão. Surgiu então a ideia de desenvolver jogos.
Essa ideia parecia arriscada. Em uma conversa honesta, os dois avaliaram as chances de sucesso de sua empresa de jogos como sendo apenas 25%, deixando 75% de possibilidade de falha.
No entanto, estavam decididos: mesmo que falhassem, acreditavam que o conhecimento adquirido os prepararia para explorar outras oportunidades no mercado mobile, que já mostrava sinais de crescimento promissor.
Sem o apoio de investidores de venture capital, enfrentaram inúmeras reuniões em busca de financiamento.
Chegaram a ter ofertas curiosas, como a de um empresário que, em vez de investir dinheiro, propôs ficar com 10% da empresa em troca de conselhos. Outra proposta foi ainda mais ousada: 50% da empresa por um investimento equivalente a apenas 50.000 reais, algo que prontamente recusaram.
Essa resistência em aceitar condições desvantajosas reforçou a determinação dos irmãos em levar adiante a empreitada com recursos próprios.
Decididos a seguir em frente sozinhos, mergulharam de cabeça no aprendizado e no desenvolvimento.
Víctor, que tinha uma formação em engenharia mecânica e habilidades básicas de programação, começou a estudar de forma autodidata, dedicando-se a entender as nuances do desenvolvimento de aplicativos móveis.
Eles passavam os dias assistindo a tutoriais no YouTube e aplicando o conhecimento adquirido em protótipos simples.
Em 2011, estavam prontos para dar vida ao primeiro projeto: um jogo inspirado em Pong, vendido por 1 dólar.
Embora tenha gerado algumas vendas – cerca de cinco cópias por dia – o retorno financeiro era modesto, mas o sentimento de ver algo criado por eles sendo vendido trouxe uma motivação renovada.
Com o aprendizado adquirido, investiram em um segundo jogo, Racing Penguin, no qual um pinguim tentava escapar de um urso polar.
Esse projeto foi um verdadeiro divisor de águas. Trabalharam intensamente, dedicando 100 horas por semana ao desenvolvimento.
Os irmãos programavam de manhã à noite, raramente saindo de casa, e lançaram o jogo em apenas três meses. O esforço valeu a pena: Racing Penguin se tornou o jogo mais baixado do mundo em um mês, algo que para eles foi surreal.
Era a prova de que, com dedicação e inovação, poderiam competir globalmente mesmo operando de um país como o Brasil.
Uma das decisões que mais impactaram o sucesso do jogo foi a escolha de lançá-lo gratuitamente.
Na época, muitos desenvolvedores preferiam vender seus jogos, mas eles acreditaram que o modelo de jogos gratuitos com monetização por anúncios poderia trazer um alcance maior.
A aposta deu certo e o jogo rapidamente se tornou viral. Em seguida, começaram a implementar microtransações, como a venda de uma capa de superpinguim por 10 dólares, algo que surpreendentemente se mostrou muito popular entre jogadores dos Estados Unidos.
O primeiro ano da empresa foi um marco de crescimento explosivo, gerando milhões de dólares em receita. Apesar do sucesso financeiro, os irmãos mantiveram a simplicidade.
O primeiro grande investimento pessoal foi a compra de um carro, uma Tiguan branca, que deram de presente para o pai, um momento emocionante para todos. Vítor descreveu o início da nova fase como uma época em que, mesmo com muito dinheiro, o foco era quase exclusivamente no trabalho.
Eles operavam em um escritório modesto de 35 m², que acomodava até sete pessoas no início.
A cultura da empresa era marcada por uma abordagem full life, onde a equipe passava a maior parte do dia e da noite junta.
O ambiente era vibrante, com todos almoçando e jantando no escritório, trabalhando até meia-noite com frequência.
Para Víctor e seu irmão, essa era a fórmula ideal para manter a criatividade e a produtividade em alta.
O dia a dia da empresa era movido por uma competitividade saudável entre os irmãos, que programavam de seus quartos separados em casa.
Victor, sempre esperto, às vezes usava estratégias para avançar em seu projeto pedindo dicas ao irmão, o que impulsionava seu próprio progresso. No entanto, o irmão logo percebeu a tática e começou a trancar a porta de seu quarto para manter o foco.
O sucesso da empresa e o desenvolvimento contínuo de novos jogos os colocaram em uma nova categoria de empreendedores tecnológicos.
A abordagem visionária dos irmãos, aliada à dedicação intensa e a uma mentalidade que valorizava aprendizado constante e adaptação rápida, os catapultou de jovens desenvolvedores autodidatas a líderes de uma empresa de renome na indústria de jogos móveis.
Mesmo com o crescimento, mantinham os pés no chão e continuavam a trabalhar incansavelmente.
Expandiram as operações, trouxeram novos talentos e se prepararam para novos desafios, sempre com a mentalidade de que o aprendizado era contínuo e que sempre haveria espaço para inovação.
A história dos irmãos não era apenas sobre o sucesso de Racing Penguin ou sobre a construção de uma empresa multimilionária.
Era, acima de tudo, um relato inspirador sobre coragem, trabalho árduo e a capacidade de transformar sonhos em realidade, mesmo contra as probabilidades.
Durante o primeiro ano da empresa ele programava todos os dias, sem exceção, mesmo em datas especiais como aniversários e feriados. Esse comprometimento é reflexo do desejo de construir uma empresa que refletisse os valores em que ele e seu irmão acreditavam.
Desde o início, a empresa foi formada por amigos próximos, criando um ambiente de trabalho onde todos compartilhavam objetivos comuns e se apoiavam mutuamente. Esse espírito colaborativo foi simbolizado em dois valores fundamentais: "sonhar grande" e "se importar uns com os outros".
Na época, não havia uma preocupação formal com a gestão da cultura, pois ela era algo natural, inerente ao grupo de amigos que formavam a empresa.
À medida que a empresa crescia e passava de 20 para 30 pessoas, a comunicação direta e a liderança informal começaram a dar lugar à necessidade de uma estrutura mais organizada.
A comunicação que antes era quase telepática entre os amigos tornou-se mais complexa, e a empresa precisou desenvolver processos formais para garantir que todos entendessem a missão e os objetivos da companhia.
O processo de lançamento de jogos seguiu um padrão iterativo: se um protótipo de hackathon tivesse boas métricas de retenção e viralidade, ele seria transformado em um projeto maior.
Essas métricas eram essenciais para prever o sucesso de um jogo. A empresa focava na viralidade, ou seja, quantas pessoas baixavam o jogo sem grandes investimentos em marketing, e na retenção, que indicava quantos jogadores voltavam a jogar no dia seguinte.
O crescimento da empresa também exigiu uma nova abordagem para o marketing. No início, a estratégia era lançar o jogo na App Store e torcer pelo melhor.
Com o tempo, porém, a empresa desenvolveu uma máquina de marketing robusta, capaz de competir com gigantes da indústria que gastam bilhões em publicidade.
Isso incluía a criação de vídeos promocionais e a compra de mídia em grande escala, essenciais para dar visibilidade aos jogos em um mercado cada vez mais saturado.
Em 2019, após quase uma década de crescimento orgânico e sucesso no mercado, a empresa decidiu aceitar um investimento de capital pela primeira vez.
Os americanos do Benchmark foram os investidores escolhidos, marcando um novo capítulo na história da empresa. Essa decisão foi motivada pela visão de levar a companhia a um novo patamar e consolidar sua posição no cenário global de jogos.
A cultura de prototipagem rápida, resiliência, e aprendizado constante moldou a identidade da empresa, permitindo que ela navegasse com sucesso pelos desafios de um mercado em constante mudança.
No mundo do empreendedorismo, onde o reconhecimento público pode rapidamente inflar egos e desviar trajetórias, alguns empreendedores escolhem trilhar um caminho mais discreto. Esse é o caso de muitos líderes que, embora tivessem a oportunidade de se expor à mídia, optaram por manter a cabeça baixa e focar no trabalho.
"A gente nunca viu a necessidade de estar na mídia", reflete um fundador. A decisão de evitar os holofotes, para muitos, vem da percepção de que vangloriar-se pode levar à perda de perspectiva e afastar a pessoa da realidade.
A mídia, apesar de suas vantagens, pode se tornar uma armadilha para aqueles que buscam a aprovação pública como um fim em si mesmo. "Quando você começa a falar para todo mundo que venceu, é aí que você começa a perder", explica o fundador, reforçando a importância da humildade e do foco na missão em vez do reconhecimento externo.
Ainda assim, ele admite que há boas razões para se manter visível. Por exemplo, empresas que precisam se posicionar no mercado ou atrair novos talentos podem se beneficiar da exposição midiática. "Tem boas razões para fazer mídia, mas para a gente não fazia sentido na época porque nossos clientes estavam fora do Brasil."
A decisão de expandir para o mercado internacional trouxe novos desafios. "A gente pensou: como fazemos para a empresa continuar escalando? Vamos abrir escritórios nos Estados Unidos e trazer os melhores talentos", explica.
A chegada ao mercado americano, porém, exigiu mais que apenas presença física. "Precisávamos de um investidor local para ganhar credibilidade", diz o fundador, lembrando as reações de ceticismo que encontraram inicialmente: "Quem é você? Empresa do Brasil? Nem sabia que tinha empresa de tecnologia lá."
Esse ceticismo levou a empresa a buscar parcerias estratégicas e mentores experientes, como os da Benchmark, um fundo com histórico de sucesso em investimentos em empresas como Uber e Instagram. "Ter um mentor que já viu de tudo antes ajuda muito a vida", admite.
O Vale do Silício exerce um fascínio especial nos empreendedores, sendo visto como um espaço de inovação contínua. "O que é incrível no Vale é que as pessoas já viram muita coisa", comenta o fundador, destacando a importância de aprender com quem já enfrentou e superou desafios semelhantes.
Ele compara o momento atual com os grandes períodos históricos de inovação, como a Renascença em Florença ou a Grécia Antiga, sugerindo que os eventos contemporâneos em tecnologia terão impacto duradouro.
A trajetória empreendedora é repleta de altos e baixos, como mostra a experiência compartilhada sobre o desenvolvimento de jogos.
"A gente fez o Racing Penguin e o Bike Race, mas depois de um tempo todos os jogos começaram a dar errado", conta.
O período de declínio trouxe questionamentos dolorosos e dúvidas sobre a capacidade de criar novos sucessos. "Você se pergunta: será que foi sorte? Será que nunca mais vou fazer um jogo bom?"
Além disso, a dependência de plataformas como a Apple trouxe desafios inesperados, como quando um dos jogos mais populares foi removido da App Store sem aviso prévio. "Você percebe que o negócio tem coisas que não estão na sua mão", reflete, enfatizando a fragilidade de depender de terceiros.
Com o crescimento da empresa, os desafios mudaram. "No início, eu estava muito mais próximo do produto. No final, era um gestor de gestores", diz, mencionando as dificuldades de se adaptar a um papel mais distante da criação.
O desejo de voltar às raízes e explorar novas possibilidades levou à decisão de deixar o cargo de CEO. "Meu irmão queria ser CEO, então fizemos a transição, e eu fui pensar no que seria minha próxima aventura."
Hoje, como sócio em um dos maiores fundo de investimento, ele tem a oportunidade de se envolver em novos projetos e aprender com outros empreendedores. "É fascinante fazer parte desse ecossistema, ver o que está acontecendo de perto e contribuir para novas histórias de sucesso."
A jornada empreendedora é uma montanha-russa de emoções e aprendizados. Manter-se fiel aos valores e focado em criar algo significativo, sem se deixar seduzir pela vaidade do reconhecimento, pode ser a chave para sustentar o sucesso.
E para aqueles que escolhem olhar além da glória, o caminho oferece recompensas que vão além do tangível: crescimento pessoal, resiliência e a oportunidade de fazer parte de um capítulo significativo na história da inovação.
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