SLC Agrícola: Os reis do agro brasileiro
Como a Família Logemann criou um Império Agricola , que se reinventou ao longo de três gerações.
Este artigo é exclusivo para os nossos assinantes: assine agora e beneficie de leitura ilimitada e outras vantagens.
Fundada em 1977, a SLC Agrícola é uma das maiores produtoras de commodities agrícolas do Brasil . Possui cerca de 670 mil hectares (sim 670 mil campos de futebol !) de área plantada em 22 unidades de produção localizadas em sete estados brasileiros, na região do Cerrado, e matriz em Porto Alegre (RS).
A SLC produz algodão, milho e soja e se dedica à criação de gado no modelo integração lavoura-pecuária (ILP). Também produz e comercializa sementes de soja e algodão sob a marca SLC Sementes. Embora a empresa seja pouco conhecida fora dos círculos agrícolas, o preço de suas ações se multiplicou por seis desde que abriu capital em 2007 ( incluindo os dividendos , estamos falando de ganhos de quase 10x ).
O Início
O primeiro Logemann a vir para o Brasil — Frederico Logemann , partiu de perto de Bremen, na Alemanha, por volta de 1910, para trabalhar em um projeto ferroviário.
Mais tarde, ele abriu um negócio em um terreno que lhe foi dado no extremo oeste do estado do Rio Grande do Sul, perto da Argentina. A área acabou se tornando a cidade de Horizontina, que hoje tem cerca de 20.000 habitantes e é o berço da supermodelo Gisele Bündchen.
A primeira empresa da Schneider Logemann Co. (SLC) foi formada em 1945 e vendia materiais agrícolas e de construção , a empresa ainda trabalhava com o beneficiamento de madeira, moagem de trigo e milho, e fazia ainda serviços de mecânica e máquinas agrícolas.
Naquela época, as possibilidades de crescimento da empresa se apoiavam no avanço das lavouras no Estado.
Dois anos depois, os fundadores, já com a família Ullmann entre os sócios, decidiram fabricar máquinas agrícolas, de acordo com as necessidades dos produtores de milho e soja da região. Começaram com as trilhadeiras. .
Na década de 1960, Jorge Logemann ( que foi o primeiro prefeito de Horizontina entre 1º de fevereiro de 1955 e 1º de janeiro de 1960) , filho de Frederico , começou a construir uma colheitadeira, o que acabou levando a uma joint venture com a John Deere em 1979.
“ Em 1965 o meu pai, Jorge Logemann, fez a primeira colheitadeira no Brasil. Para se ter uma ideia, o mercado naquela época era de 13 colheitadeiras. Uma delas feita no Brasil – a nossa. E 12 importadas. E a partir dali nós fomos para um longo ciclo que foi muito importante para a transformação da companhia, para criar musculatura, desenvolver tecnologia, gestão...
Desde aquele momento até 1999, quando vendemos a fábrica para a John Deere, foram 40 anos como fabricantes de máquinas agrícolas. E depois disso, então, entramos em um novo ciclo de uma empresa familiar que soube, ao longo dos anos se transformar, ser resiliente. Por sinal, resiliência é um termo que a gente utiliza muito, aqui.”- Eduardo Logemann
A empresa americana assumiu uma participação de 20% por cerca de US$ 7,5 milhões.
Quando Jorge morreu em 1987, Eduardo , seu filho assumiu o cargo de CEO aos 37 anos.
Seu irmão, Jorge Luiz, juntou-se a ele, enquanto outros 3 irmãos nunca se envolveram, mas têm participações acionárias iguais.
“ Como eu disse, meu avô foi a primeira geração, a G1, como nós brincamos de dizer aqui. Meu pai, que assim como minha mãe era filho único, assumiu em 1949, dando início à segunda geração. Estamos hoje na G3, a terceira geração. Somos cinco irmãos: eu e o Jorge Luiz, que participamos da gestão, e ainda o Marcelo, a Elizabeth e a Ana Beatriz, que não atuam diretamente na empresa. Na realidade, já temos a quarta e até a quinta geração, formada pelos meus netos e pelos netos dos meus irmãos, mas a gestão ainda está com a G3.
Nós temos muito orgulho de ser uma empresa com esta forte presença da família. Gostamos de participar, do toque Logemann nos negócios. Mas a forma como se dá esta participação dos representantes da família é pela via do Conselho de Administração. Ou seja, a família não participa diretamente da gestão executiva dos negócios.
Hoje, a gestão executiva de nossas empresas é 100% profissionalizada. A empresa não é, nunca foi, cabide de emprego. Absolutamente. A lógica é entrar na empresa pela competência. Ou pela necessidade, como foi meu caso.”
Eventualmente, a John Deere comprou outra participação de 20% no empreendimento de tratores e, em 1999, adquiriu os 60% restantes por um valor não revelado. Com o dinheiro do deal com a John Deere, Eduardo comprou terras.
“ Nós já tínhamos fazendas naquela época e daí, então, fomos pesadamente para a agricultura. Começamos a adquirir terras, arrendar propriedades, fortalecemos muito a SLC agrícola, que hoje é o nosso carro-chefe. Ao mesmo tempo, resolvemos diversificar – porque essa era a moda na época. Compramos a Ferramentas Gerais, um negócio completamente diferente.
Fundamos a SLC Alimentos, uma empresa de arroz e feijão, nada mais que isso. Compramos uma marca de arroz e de feijão, Namorado, e expandimos a SLC Alimentos para o Brasil inteiro.
Tínhamos a terceira ou quarta marca de arroz e feijão do Brasil... Tudo isso nós fizemos entre 1999 e 2000. E continuamos a fazer, como eu disse antes, a expansão da SLC Agrícola. Poucos anos depois, em 2007, abrimos o capital da SLC Agrícola, e esse foi um grande alavancador do crescimento da empresa. Foi a primeira empresa agrícola do Brasil a abrir capital. No mundo, eu não sei, mas certamente foi uma das primeiras no seu segmento.” - Diz Eduardo.