Rock and Roll: Como um " simples agente " revolucionou o negócio da Mídia.
Depois de uma brevíssima pausa, sejam todos muito bem vindos as curiosidades do Snowballer.
O artigo de hoje começa em Los Angeles no ano de 1971.
5 homens se encontram em uma sauna, quatro são músicos, três à beira de um sucesso inimaginável, dois são de fora da cidade, vêm para o ensolarado sul da Califórnia em busca de fama e glória.
O dono da sauna um agente baixo e magro se mudou de Nova York para Los Angeles e se estabeleceu como um corretor de talentos de reputação assustadora, falo de David Geffen.
Entre seus clientes estão estrelas como Joni Mitchell e Nash and Young. Geffen conta aos quatro músicos - Glenn Frey, Don Henley, Jackson Browne e Ned Doheny - sobre seus planos para sua gravadora.
“Quero manter a Asylum muita pequena”, afirma. Nunca terei mais artistas do que cabem nesta sauna.
Vinte anos depois, Geffen venderá a sua segunda gravadora - que ele modestamente nomeia com seu próprio nome - por incríveis US$ 550 milhões (£ 290 milhões).
Ao mesmo tempo, o primeiro álbum de grandes sucessos dos The Eagles – grupo formado por Glenn Frey e Don Henley – será oficialmente declarado o álbum mais vendido de todos os tempos.
David diz que a formula passa por trabalhar apenas com o crème de la crème daquela cena, mas essa historia tem muitos mais detalhes.
Geffen cresceu no Brooklyn operário, um garoto magro com sonhos de se tornar magnata.
Ele tinha 17 anos quando seu pai, morreu e o deixou com uma mãe adorável que vendia cintas e se referia ao filho como "Rei David".
David visitou Los Angeles pela primeira vez em 1961, ficando com seu irmão Mitchell, um estudante da UCLA. “Desde o dia em que cheguei”, diz ele, “a Califórnia parecia uma terra encantada”.
De volta a Nova York, em 1964, David conseguiu um emprego na agência de talentos William Morris. Ele regularmente embelezava seu currículo para melhorar sua posição. Chegando mesmo a mentir que estudou na UCLA.
À medida que a música pop se tornou um grande negócio em meados da década de 60, a William Morris abriu as suas portas a músicos de cabelos compridos que poderia ter desprezado dois anos antes.
Nesse ambiente o rapaz de NY estava perfeitamente posicionado para lidar com esse talento emergente.
“Fique com as pessoas da sua idade”, aconselhou-o o agente sênior Jerry Brandt. "Entre no mundo da música."
Geffen estava preparado para usar todos os meios necessários para conseguir os melhores negócios para seus artistas, ele era extremamente intenso e sobrenaturalmente focado.
Isso levou até mesmo a sua demissão e a um deal que até hoje é visto como um dos melhores de sempre.
Na época Geffen queria que o seu chefe Ahmed Ertegun assinasse um contrato com o cantor Jackson Browne, Ertegun, não convencido, recusou.
Quando Geffen pressionou com mais força, Ertegun protestou, ele sugeriu que Geffen abrisse sua própria gravadora e assinasse ele mesmo com Jackson.
Geffen decidiu que faria exatamente isso, apenas para provar o quão míope seu mentor havia sido ao recusar Browne, mas Ertegun fez mais do que encorajar o seu discípulo.
Ele se ofereceu para ter uma participação de 50 por cento na nova gravadora, com a Atlantic cuidando da distribuição e cobrindo todas as despesas. Foi um acordo surpreendente que não custaria um centavo à Geffen.
Surgia a Asylum Records, e literalmente todos os primeiros lancamentos da gravadora viram hits atemporais.
“Eu era jovem e ingênuo”, diz Geffen. "Quando começamos a Asylum, nunca esperávamos que ela se transformasse na empresa que se tornou. Ficamos tão entusiasmados e emocionados com o desenrolar da obra quanto os artistas ficaram quando seus discos foram lançados e tiveram sucesso."
O impacto de Geffen foi sentido em toda a indústria musical da Costa Oeste.
Enquanto Lou Adler tinha sido o padrinho alto e moreno do pop de Hollywood na década anterior, agora esse nova-iorquino baixo e magro estava circulando em torno de todos no ramo.
Foi um alerta para quem está ficando preguiçoso e complacente. “Se você quiser falar sobre o que aconteceu com a cena de Los Angeles na primeira metade da década de 1970, você pode resumir tudo em um nome”, diz David Anderle. "David Geffen aconteceu. Um bando de hippies se tornaram grandes players e agora estavam dando as ordens. Todos nós paramos de fumar maconha e levamos a sério o jogo."
Geffen diferiu de outros agentes-gerentes porque nunca viveu a vida do rock. Ao contrário de Albert Grossman, que era empresário de Bob Dylan, Geffen não se tornou hippie, para quem tenta entender o sucesso de Geffen no ramo do rock, vale a pena ter em mente que em momentos cruciais nas carreiras das estrelas, quando milhões de dólares em royalties estavam em jogo, Geffen era a única pessoa na sala que estava bem lúcida.
Era a hora de lucrar.
Apenas um ano após fundar a gravadora, Geffen vende a Asylum por 7 milhões para a Warner, um péssimo negócio já que a empresa se pagou apenas com os ganhos das vendas do disco dos Eagles que vendeu 20 milhões de cópias. A Warner teve um lucro de US$ 30 milhões com aquele disco.
Sempre rápido em aproveitar oportunidades, ele ficou 3 anos como presidente da nova label e fez vários contatos na indústria que o levariam a outro patamar no futuro.
Quando o chefe da Warner Steve Ross, pediu a Geffen para assumir o cargo de vice-presidente da Warner Brothers Pictures. Sem nenhuma experiência no ramo cinematográfico, Geffen aproveitou a oportunidade, mas teve apenas um sucesso mediano durante seu primeiro ano no cargo. Ele se sentiu sufocado pela estrutura de tomada de decisões corporativas e pediu um portfólio menos estruturado
Depois de uma semi-aposentadoria de quatro anos precipitada por um diagnóstico equivocado de câncer terminal, Geffen voltou ao seu primeiro amor, o mundo da música, em 1980.
Ele fundou a Geffen Records com assistência de capital da Warner e começou a devorar talentos novos e estabelecidos. John Lennon, Elton John e Donna Summer estavam entre os artistas que lançaram discos pelo selo Geffen.
Dois anos depois, novamente com a ajuda da Warner, foi lançada a Geffen Film Company. O lançamento inicial da empresa, a comédia Risky Business de 1983, foi um imenso sucesso entre o público e ajudou a transformar o então desconhecido Tom Cruise em uma estrela.
Durante este período, Geffen também expandiu seu portfólio para incluir teatros da Broadway e off-Broadway. Ele ajudou a financiar produções de sucesso como Dreamgirls, Little Shop of Horrors e Cats, um negócio extremamente lucrativo.
Impulsionada pela explosão do “rock grunge”, a DGC continuou a ser uma força de mercado dominante até boa parte da década de 1990.
Enquanto isso, as outras empresas da Geffen iam quase tão bem. Sua produtora cinematográfica produziu os sucessos Entrevista com o Vampiro e Beavis e Butthead Da America. As peças Miss Saigon e M. Butterfly se beneficiaram do boom teatral de Nova York. Em 1994, junto com o diretor Steven Spielberg e o ex-executivo da Disney Jeffrey Katzenberg, ele fundou a DreamWorks, um estúdio de cinema e produtora de entretenimento.
A DreamWorks não teve exatamente uma estreia espetacular. O estúdio, fundado pelos magnatas sofreu por causa da alta expectactativa inicial de todos.
Os videogames não deram em nada, os programas de TV fracassaram e uma empresa musical foi vendida. Mesmo com vencedores do Oscar como American Beauty, os sucessos eram poucos e raros.
Isso foi antes dos três amigos descobrirem um ogro verde chamado Shrek. Desde então, a DreamWorks foi o estúdio mais quente ao lado da Pixar Animation Studios de Steven P. Jobs.
Em outubro de 2005, Spielberg, Katzenberg e Geffen fizeram uma oferta pública inicial de sucesso de US$ 812 milhões da unidade de animação - e então viram o valor das suas ações aumentarem em mais de 45% no mês seguinte.
O mais rico de Hollywood
Grande parte da fortuna de 10 bilhões de dolares de Geffen decorre da venda da Geffen Records para a MCA por ações avaliadas em US$ 550 milhões em 1990.
Poucos meses depois, o magnata da música arrecadou mais de US$ 700 milhões quando a MCA foi comprada pela Matsushita em cash💵.
Grande parte das receitas após impostos foi investida nos fundos do bilionário Edward Lampert, que apresentou retornos anuais compostos de mais de 20% durante os 12 anos seguintes.
Ele também fez investimentos fora do fundo de Lampert, incluindo na empresa McKesson. Ele disse mesmo à revista Fortune em uma entrevista em julho de 2013 que possuía quase US$ 1 bilhão em ações da Apple.
O bilionário também ganhou centenas de milhões de dólares vendendo arte, incluindo obras de Jackson Pollack, Jasper Johns e David Hockney, segundo uma pessoa familiarizada com a coleção, que afirma ainda manter ativos artísticos avaliados em mais de US$ 2 bilhões.
Hoje, a faculdade de medicina da UCLA leva o nome de Geffen, que doou US$ 300 milhões para a instituição.
Depois de se aposentar da Dreamworks, ele até tentou comprar o jornal NYTimes em 2009, mas hoje ele passa maior parte do seu tempo aconselhando outros investidores e amigos bilionários que viajam em seu iate.
Um recado especial
Quando comecei este Substack, meu único pensamento era satisfazer meu amor pela escrita.
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O resultado é o meu Substack, que me oferece a oportunidade de trabalhar no meu “craft” e o prazer inesperado de me envolver com uma comunidade colaborativa e inteligente de leitores e escritores.
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Essa newsletter ficou do c***lho, unindo duas coisas que amo, mercados e rock and roll!!
Sensacional!!!