Lojas Americanas : a maior fraude do capitalismo brasileiro.
Onde eu tento explicar o que se passou afinal nas lojas americanas ....
Boa tarde, queridos amigos e amigas, leitores desta newsletter. Há aproximadamente dois meses, encontrava-me imerso na leitura da reportagem da revista Piauí acerca das Lojas Americanas.
Surgiu então a ideia de elaborar algumas observações sobre o caso. Dessas reflexões, emergiu o conteúdo que compõe a edição de hoje desta newsletter , abordando o que já é reconhecido como a maior fraude na história do capitalismo brasileiro.
No dia 11 de janeiro, às 18h30, Sergio Rial (conhecido nome do mercado pelo tempo que passou liderando o Banco Santander), apenas 9 dias depois de assumir o cargo de presidente da Varejista, fez um fato relevante que decretou o fim do valor econômico da gigante no setor de comércio brasileiro.
No último balanço da Americanas, publicado em setembro do ano passado, a dívida total de longo prazo com os bancos, referente aos empréstimos normais que a companhia tomava para tocar a sua atividade, era de 19,3 bilhões de reais.
Para o mercado, não se tratava de um valor preocupante, dado que a companhia tinha um faturamento de 14 bilhões de reais por ano e podia, portanto, arcar com seus compromissos de longo prazo sem dificuldade.
Só que, quando os 20 bilhões que estavam escondidos nesse balanço vieram à tona em janeiro, a dívida real da Americanas com os bancos passou da casa dos 40 bilhões. Era o dobro do que havia sido declarado oficialmente no fato relevante para o mercado. E isso era impagável.
Em resumo a companhia acumulava uma dívida de cerca de 22 bilhões de reais com os bancos e devia 6,67 bilhões de reais em debêntures. Tudo somado, o débito passava de 48 bilhões de reais, quase cinco vezes o patrimônio líquido da empresa.
As chamadas “inconsistências contábeis” eram , na verdade, um grande eufemismo para se referir a uma fraude titânica. Considerada mesmo a maior fraude da história das corporações brasileiras.
Até entrar em recuperação judicial, a Americanas tinha 40 mil funcionários, 16 mil fornecedores, 1 750 lojas, 127 mil vendedores parceiros, que usam a plataforma digital da varejista para vendas, e 47,6 milhões de clientes, segundo o documento entregue à Justiça no âmbito do processo de recuperação judicial.
O Risco Sacado
Bem conhecido no âmbito das relações entre bancos e empresas de varejo, geralmente a varejista adquire um produto do seu fornecedor, mas, para não ficar descapitalizada, transfere a dívida para um banco.
O banco, por sua vez, paga ao fornecedor imediatamente, porém com um pequeno desconto. A varejista passa a ter uma dívida com o banco, com o qual, apesar dos juros envolvidos, consegue estender os prazos de pagamento – prazos mais longos do que conseguiria com o fornecedor.
Ao realizar essa transação, a varejista precisa registrar a operação de risco sacado em seu balanço como dívida bancária. Afinal, o débito que antes tinha com o fornecedor é assumido pelo banco.
Foi nesse momento que teve início a fraude na Americanas: os gestores não contabilizavam a dívida bancária proveniente do risco sacado no balanço. Para todos os fins, era como se isso não existisse.
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