LightHouse, a gestora de VC que impulsiona o Nordeste
Liderando investimentos na região Nordeste, a LightHouse aposta suas fichas e coloca a “mão na massa” ao impulsionar negócios nordestinos early-stage.
Imagine… um país conhecido pelo seu clima quente e úmido, pelas suas praias paradisíacas, sua música, datas festivas, história, e seu ritmo alegre de vida.
Além disso, sua costa possui mais de 3 mil quilômetros de extensão, a sua geografia inclui arrecifes, coqueirais, dunas, falésias, restingas, lagoas e manguezais.
Agora, imagine que esse mesmo país ocupe a 24ª posição de país mais populoso do mundo, com aproximadamente 55 milhões de pessoas.
E a 19ª posição de país com maior território do mundo com 1.558.000 km2. Além disso, está em 42° maior PIB do mundo, com a marca de aproximadamente R$ 219 bilhões e 3,2 milhões de empresas ativas e 3.000 startups.
Em comparação aos seus vizinhos, esse país tem custos de vida significativamente mais baixos. Com custos de moradia 37,5% mais baixos, 16% na alimentação e 50% nos aluguéis de espaços comerciais.
Há também muitos setores econômicos com crescimento potencial, dentre eles: a economia criativa, energias renováveis, portos e logísticas, agronegócio, construção civil e petroquímica. Com grande potencial econômico, qualidade de vida e baixo custo de moradia: cenário ideal para reter e atrair talentos na área de inovação e tecnologia.
Esse país aparenta ser rico em natureza e cultura, extenso e populoso, e com um mar de oportunidades econômicas, certo? Mas você já conseguiu reconhecer que país é esse?
Esse país é o Nordeste!
Apesar de todo esse potencial, a região continua subaproveitada. O Nordeste representa aproximadamente 13,1% das startups do Brasil e possui um grande gap de investimentos: recebe menos de 2% dos investimentos em venture capital do Brasil, evidenciando uma desproporcionalidade de 5,4 vezes.
Em contraste, a região Sudeste, que possui 53% das startups nacionais, capta uma parcela desproporcional de 88,3% do total de investimentos em venture capital, representando uma sobre-representação de 1,65 vezes.
Segundo a ABSTARTUPS, 42% das startups do Sudeste receberam algum tipo de investimento, em contraste com apenas 33% das startups nordestinas. Esse gap também é visível quando observamos a média de cheque de cada região.
No Sudeste, o cheque médio é de aproximadamente R$ 1.479.680, enquanto no Nordeste é de R$ 930.000. Portanto, proporcionalmente, o Sudeste tem 49,2% a mais de rodadas acima de 1 milhão de reais, representando uma maior abundância de liquidez em rodadas mais maduras.
Esta disparidade ressalta a necessidade de uma distribuição mais equitativa de recursos financeiros para fomentar o crescimento e a inovação em todas as regiões do Brasil.
Do total de 316 players que investem em Venture Capital no Brasil, apenas 4 estão no Nordeste. Sendo assim, a busca por parceiros em equity e smart money se torna acentuadamente mais difícil.
Reconhecendo e levando esse mar de oportunidades como tese de investimentos, um conjunto de empreendedores decidiu começar a investir em 2017 parte do capital próprio em startups early-stage no Nordeste, criando assim a gestora de Venture Capital LightHouse.
Após construir um track record com seus investimentos early stage por meio de uma holding, a gestora lançou o seu primeiro fundo direcionado a cotistas, visando a captação de R$ 100 milhões para apoiar startups nos próximos cinco anos.
Batizado de LH Tech Ventures, o veículo de investimento buscará uma carteira de cerca de 15 a 20 empresas, com ticket médio de R$ 2,5 milhões, e destinará o restante do capital do fundo para reinvestimento no próprio portfólio.
Os sócios afirmam que parte relevante do fundo já foi captado, mas ainda estão abertos a cotistas para o fechamento do novo veículo até o final de 2024.
De acordo com a tese da LightHouse, há uma grande oportunidade em se posicionar em um estágio pre-seed/seed e fora do eixo Sul-Sudeste.
Ao combinar a experiência entre os sócios do fundo com a atuação dos empreendedores, a LightHouse consegue criar de uma camada de agregação de valor em produto/tech, mercado e sales, gestão e governança e estruturação de capital.
Gustavo afirma: "Com nosso portfólio de startups e nossa rede de hubs estruturada no Nordeste, ampliamos nossa capacidade de avaliar, investir e agregar valor com uma gestão mão na massa e próxima das investidas e geração de conexões com parceiros estratégicos. Com a experiência adquirida e essa rede LightHouse montada, enxergamos que precisávamos dar um próximo passo e pensar numa nova fase: o LH Tech Ventures"
Além dessa união de expertise, a gestora possui um modelo de negócio que foi construído para que o portfólio de startups se beneficie diretamente da relação com a rede de hubs proprietários e parceiros, além da ampla relação com executivos e empreendedores já consolidados em diferentes setores do mercado.
Até o momento, a LightHouse já conta com seu primeiro exit de sucesso.
No ano de 2019 a gestora investiu na Kinvo, uma plataforma que permite cadastrar investimentos de qualquer instituição financeira e consolidá-los numa carteira, medindo a saúde e evolução do patrimônio.
Após negociações, em 2021 o banco BTG Pactual comprou a startup por R$ 72 milhões.
Alexandre Darzé, sócio-fundador da LH, natural de Salvador e profissional formado pelo International Finance Corporation (IFC), relata que :
Já acompanhava a região Nordeste quando estava no IFC, existia um projeto de tentar alocar capital ali.
“Eu viajava muito por Fortaleza, Recife, Salvador. Era um ecossistema ainda muito embrionário para o empreendedorismo de tecnologia, exceto o Porto Digital e outras iniciativas no entorno.”
“Nos últimos quatro anos, desde que voltei a residir em Salvador, a cidade teve uma evolução brutal. ”
Salvador é um ecossistema diferente de quando olhei pela primeira vez, há uns seis anos, e Fortaleza também é mais dinâmica, com operação importante do poder público com o Banco do Nordeste.
Ainda são ecossistemas que, se você comparar com São Paulo e cidades do Sul, há certa distância, mas vejo um enorme potencial.
Reforçando a tese e corroborando as expectativas positivas, Gustavo Menezes, compartilha que quer atuar para reduzir esse gap entre o sul e o nordeste.
“Enxergamos startups e founders de qualidade com dificuldade de captar. Queremos ser a primeira opção de captação para as startups da região. Acreditamos que isso vai refletir numa melhor performance do fundo e, consequentemente, trazer mais desenvolvimento para o Nordeste.”
Com investimentos recentes em startups como a Bebook, um SaaS que ajuda os hotéis a maximizar suas receitas analisando seus dados para obter uma estratégia ideal de tarifas de hóspedes, e a POS Controle, que desenvolveu um sistema de ponto de venda (PDV) embarcado em máquinas de cartões de crédito modelo Smart.
Se visualiza um ótimo retorno para iniciativas como a da LightHouse que permite que projetos de toda parte do Brasil possam crescer e movimentar o ecossistema de tecnologia da America Latina.