Como esse fundo fez dois bilhões com a crise da Argentina?
Você já ouviu falar de Paul Singer?
Oi Snowballers,
o modelo de negócios dos fundos abutres envolve a compra de dívidas em dificuldade na forma de títulos inadimplentes ou prestes a inadimplir, utilizando então expertise jurídica para extrair o máximo retorno possível através do processo de reestruturação da dívida.
Os títulos que os fundos abutres compram não se restringem aos emitidos por empresas.
Frequentemente, esses títulos incluem dívidas soberanas, como ocorreu na disputa da dívida argentina.
Os fundos abutres compram a dívida soberana de estados em dificuldades financeiras a preços significativamente descontados no mercado secundário de títulos e, em seguida, buscam cobrar o valor total da dívida contra o estado em questão.
Geralmente, isso envolve “resistir” às ofertas de reestruturação de dívida e processar o estado na esperança de recuperar o valor integral dos títulos.
Paul Singer, chefe da Elliott Management Corp., é conhecido como um dos pioneiros do modelo de investimento dos fundos “abutres”.
Durante a década de 1990, Paul Singer supervisionou a compra de US$ 30 milhões em dívidas congolesas pela Elliott Management através da divisão Kensington International do hedge fund, a um preço consideravelmente descontado.
A empresa passou vários anos tentando recuperar os retornos originais dos títulos, processando empresas estatais da República do Congo, e conseguiu ganhar US$ 100 milhões em uma decisão do Tribunal Superior do Reino Unido.
Em 1996, a Elliott Management comprou dívidas peruanas, que já estavam inadimplentes, por US$ 11,4 milhões.
Em 2000, a Elliott Management processou com sucesso o governo peruano por US$ 58 milhões, argumentando que havia ocorrido uma violação da cláusula pari passu nos acordos de títulos.
Análise ética das ações dos Hedge Funds ?
O comportamento da Elliott Management, é eticamente questionável por várias razões.
Paul Singer e a Elliott Management, bem como outros hedge funds envolvidos na disputa de dívida, demonstraram uma clara disposição de causar danos em busca de altos lucros.
O modelo de investimento desses fundos visa explicitamente as dívidas em dificuldade de países em desenvolvimento e busca interferir no processo de reestruturação da dívida.
Na disputa da dívida argentina, esses hedge funds representavam apenas 7% dos detentores de títulos, mas se recusaram a aceitar as ofertas de reestruturação com “desconto” e iniciaram uma ação judicial que interrompeu o processo de reestruturação dos títulos para todos os credores.
Aceitar um retorno menor do que o valor original dos títulos dificilmente prejudicaria esses hedge funds, dado que compraram os títulos a preços muito descontados no mercado secundário.
No entanto, eles desencadearam um processo que deixou a Argentina com poucas opções, resultando em default.
O default argentino em 2001 foi devastador. Protestos e distúrbios em resposta ao default e ao congelamento de depósitos bancários causaram a morte de 24 civis.
O default provocou ainda um colapso econômico, que foi devastador para as partes mais vulneráveis e pobres da sociedade argentina.