Carlos Slim: construindo uma fortuna na América Latina
Ninguém dominou uma grande economia de forma tão esmagadora como Carlos Slim faz com a do México
Se você vive no Brasil, provavelmente está usando internet da Claro para ler esse artigo, mas você sabe a história por trás do dono da empresa, o mexicano Carlos Slim?
Ele é o tema de mais uma edição desta newsletter, onde eu tento falar sobre as melhores histórias de negócios, trazendo os detalhes menos conhecidos do grande público.
Carlos Slim nasceu na Cidade do México em 2 de janeiro de 1940, como adolescente, seu pai; Julián Slim Haddad, empresario libanês que chegou ao Mexico quase quarenta anos antes do seu nascimento, ensinou a ele varias práticas comerciais, o que lhe deu uma base sólida sobre empresas.
Aos seus 12 anos, Carlos já comprava e vendia ações, algum tempo depois, já com 17 anos ele trabalhou na empresa de seu pai, onde ganhava 200 pesos semanais.
Depois de se formar na Universidade Nacional Autônoma do México, onde estudou engenharia civil, o engenheiro Carlos iniciou sua carreira no México, onde formou sua corretora que mais tarde se expandiu para investir em negócios individuais, desde construção e manufatura até varejo e restaurantes, a partir de 1966, ainda com 26 anos, Carlos já valia US$ 40 milhões.
Devido à contracção da economia mexicana em 1982, que paralisou as empresas e levou à desvalorização de Peso, Carlos foi oportuno para investir pesadamente em grandes porcentagens de numerosas empresas mexicanas de diferentes setores, incluindo serviços financeiros, telecomunicações, alumínio, tabaco, aviação, entre outros e no ano de 1990, Carlos começou a internacionalizar e investir em todo o mundo.
Quando veio a crise da dívida em 1982, fomos os únicos que investimos. Compramos algumas empresas por 1,5% do seu valor contábil. - Carlos Slim
Hoje o seu império está distribuído entre telecomunicações, comércio, infra-estruturas e bancos.
Ele dá emprego direto a 220 mil pessoas e empregos indiretos a meio milhão de pessoas e contribui com pelo menos 6,3% para o PIB do México.
A jogada de mestre na crise da dívida mexicana
O que aconteceu em 1982 foi que além da crise da divida, também ocorreu a nacionalização bancária, o que gerou desconfiança e causou a fuga de capitais.
Muitas empresas estrangeiras venderam suas operações nacionais. Então, Slim era o unico comprando . Foram "mexicanizadas" seis ou sete empresas, de fábricas de alumínio a pneus, produtos químicos, e a rede Sanborns.
O valor das empresas caiu drasticamente. Por exemplo, o que hoje é o Wal-Mart no Mexico , valia 77 milhões de dólares em 1982, e o que hoje é a Cementos Mexicanos (Cemex) valia 26 milhões de dólares.
Naquela época, fizemos grandes investimentos. Pagamos uma ninharia por ações importantes. Aqueles eram bons tempos para comprar barato. - diz o empresario.
“O ano de 1983 foi uma loucura”, lembra Slim. “As pessoas queriam vender não apenas seus investimentos... mas também suas empresas.”
Empresas americanas começaram a sair do México e a se desfazer de suas subsidiárias mexicanas.
Slim diz que começou a investir na Anderson Clayton, que vendia descaroçadores de algodão, a cinquenta e oito pesos por ação.
Poucos meses depois, ela pagou um dividendo de sessenta e cinco pesos ( basicamente se pagando).
Outras empresas estavam sendo vendidas por um ou dois por cento do seu valor contábil.
Ele lembra de ter adquirido quarenta e três por cento de uma subsidiária da Firestone por cento e quarenta mil dólares.
Mas os tempos ainda trariam muito mais coisas boas. em agosto de 1984, ainda em meio à crise da dívida, Slim fez uma compra importante.
Um dos principais bancos do país, o Bancomer, havia sido nacionalizado e forçado a se desfazer de alguns de seus ativos, e Slim adquiriu um pacote de títulos.
Ele diz que pagou cinquenta e cinco milhões de dólares pelo pacote — “muito dinheiro para aqueles tempos” — que incluía a companhia de seguros Seguros de México.
Somente essa empresa, Slim diz, hoje vale onze bilhões de dólares. Um padrão estava surgindo. A ação ousada em meio a uma crise não apenas aumentava a fortuna de Slim; ela a multiplicava.
Colocamos essas empresas para funcionar e, posteriormente, vendemos algumas delas. 100% da British American Tobacco, líder do setor, custou a Slim cinco milhões de dólares e foi vendida por 40 milhões.
Ai ele decidiu vender. Em 1981, ele havia criado o fundo de investimentos Inbursa, do qual fala com orgulho: “Desde sua criação até 1990, o valor das ações nunca caiu, exceto em setembro de 1992. Nesses 26 anos, seu rendimento anual composto em dólares foi de 22,4%.”
O Grupo Inbursa adquiriu subsidiárias ao longo dos anos, crescendo até se tornar um grupo financeiro que opera em diversas linhas de negócios, incluindo bancos, fundos de investimento, seguros, pensões e hipotecas.
Quase todos os dias, quase todos os mexicanos contribuem de alguma forma para o caixa de Slim.
Ele também é um dos maiores empregadores privados do México. Ele é dono do Sanborns, que é tanto a maior rede de varejo do país quanto sua maior cadeia de restaurantes.
Qualquer um desses empreendimentos teria feito de Carlos Slim um homem muito rico, mas o alicerce de seu império é a empresa de telecomunicações Telmex.
Seu império nas telecomunicações começou em 1990, quando a adquiriu a empresa que foi desmembrada em 2001 para a criação da América Móvil.
As pessoas tinham que esperar anos para conseguir uma linha telefônica; os poucos telefones públicos raramente funcionavam; e grande parte do país não tinha conexão.
A economia mexicana estava estagnada e sobrecarregada pela dívida externa. Havia uma necessidade urgente de investimentos, especialmente em infraestrutura de comunicações.
O presidente na epoca, Carlos Salinas de Gortari, viu a privatização como uma oportunidade para criar empresas mexicanas fortes que pudessem competir no mercado global.
À primeira vista, a Telmex não parecia ser um grande prêmio, mas o governo ofereceu aos futuros proprietários um monopólio sobre as chamadas de longa distância por seis anos.
Os celulares ainda eram uma novidade no México, e as poucas operadoras que existiam geralmente tinham licenças para determinadas regiões, mas não para outras. O governo incluiu no negócio uma licença de telefonia celular que cobria todo o país. Isso acabou se tornando uma das concessões empresariais mais valiosas já concedidas.
Em setembro de 1989, quando o governo anunciou sua intenção de vender a Telmex, a empresa foi avaliada em pouco mais de três bilhões de dólares; três anos depois, quando a venda finalmente aconteceu, o valor de mercado da empresa saltou para mais de oito bilhões de dólares, atraindo a atenção de empresas de investimento internacionais. “A privatização da Telmex ajudou a criar toda a categoria de mercados emergentes”.
Havia dois principais concorrentes na disputa pela Telmex. Slim montou uma equipe que incluía a Southwestern Bell e a France Telecom.
"O governo estava vendendo 20,4% das ações com direito a voto da Telmex, com uma opção de compra de 5% das ações sem direito a voto", disse ele.
A equipe de Slim apresentou o maior lance, de 1,76 bilhão de dólares, mas ele foi atormentado por anos pelo boato de que venceu por causa de seus laços com Salinas; ambos negam categoricamente essa acusação.
Ele investiu bilhões de dólares em infraestrutura e instalou milhares de milhas de cabos de fibra óptica. Em 1993, diz ele, não havia mais lista de espera para quem quisesse obter uma linha telefônica.
A Telmex se transformou em "uma enorme fonte de dinheiro", o que deu a Slim a alavancagem para entrar em outros setores da economia mexicana e obter participações de mercado desproporcionais.
A empresa derivada da Telmex, a América Móvil, controla 72% do mercado mexicano de telefonia celular.
O futuro dos Slim
Atualmente, o filho de Carlos Slim, Marco Antonio Slim, dirige o Grupo Inbursa como presidente e diretor geral.
A empresa possui 96 escritórios em todo o México e opera dois call centers. Slim compartilha suas perspectivas sobre a expansão do grupo, seu compromisso com o país e o estado robusto do setor financeiro mexicano.
A terceira geração da família já entra nessa conversa também, recentemente ele colocou dois de seus netos nos conselhos de suas empresas, um passo importante na sucessão de um dos maiores impérios empresariais familiares do mundo.
Daniel e Rodrigo Hajj Slim, ambos na faixa dos 20 anos, são filhos da segunda filha mais velha de Slim, Vanessa, e de Daniel Hajj, diretor executivo do ativo mais valioso da família, a América Móvil. Os filhos foram nomeados diretores em empresas menores.
Slim declarou publicamente que seu plano de sucessão está concluído, tendo colocado seus três filhos em posições-chave.
Ele é descrito como alguém extremamente calculista, com controle até nas menores situações.
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