Bozano, Simonsen: O Banco do Buffett Brasileiro
"Rei das privatizações”, “barão do aço”, “Warren Buffett do Sul.” Julio Bozano já foi chamado de tudo isso ao longo de cinco décadas de atuação no mercado financeiro
O Banco Bozano, Simonsen foi um dos maiores bancos brasileiros, com um valor de mais de 600 milhões de dólares, eles chegaram a estar no top 8, dos maiores bancos domésticos do mercado.
Especialistas em Investment Banking e Asset Management, o lucro líquido consolidado do Bozano em 1997 foi de US$ 143 milhões, com ativos totais de US$ 11.187 milhões, levando a um retorno de 1,76% sobre os ativos médios e de 25,8% sobre o patrimônio médio.
O Banco foi formado no início da década de 1960 por Julio Bozano, filho de um industrial, e Mario Henrique Simonsen, que se tornou Ministro da Economia na década de 1970. Eles se conheceram durante um treinamento naval.
“Eu era o pior aluno da minha turma, por isso convidei o primeiro da classe para ser meu sócio”, costuma lembrar Bozano.
O foco inicial da empresa era a negociação de valores mobiliários, mas isso mudou ao longo dos anos, tornando-se também um banco comercial.
O Personagem Principal: Julio Bozano
Ele é uma espécie de Warren Buffett do Sul.
Na elegante sede no centro do Rio de Janeiro, Julio Bozano presidiu um vasto império, que ia desde um importante banco de investimentos até shopping centers e uma plantação de café do tamanho de Connecticut.
“A atratividade de uma empresa depende do seu preço, não do seu setor.” - Diz ele.
Por isso ele se envolveu em praticamente todos os setores da economia brasileira, a receita de Bozano para o sucesso nesses empreendimentos é simples.
Compre uma empresa que gere muito dinheiro, mas gaste muito e tenha excesso de pessoal.
Instale um executivo com ampla experiência no setor para aplicar a estratégia do Banco.
Elimine cada camada de pessoal, restrinja as compras e descubra o que seus clientes desejam. Então, quando os maiores ganhos forem obtidos, venda a empresa.
A transformação mais radical do Bozano,Simonsen ocorreu na Companhia Siderúrgica Tubarão, que assumiu com sócios em 1992.
Quando o Bozano vendeu sua participação de 33%, havia obtido um retorno anual sobre o investimento de 110%, incluindo um ganho de capital de US$ 327 milhões, mais dividendos.
Embora o Banco normalmente não assuma participações maioritárias, insiste num papel importante na tomada de decisões nas empresas que compra. Na Usiminas, embora tenha comprado apenas 4,5% das ações, Julio Bozano chefiou o conselho.
Em 1990, o banco contava com 22 agências em todo o Brasil e milhares de funcionários. Paulo Ferraz, com MBA em Harvard, foi nomeado CEO em 1992, após liderar a Tesouraria durante seus dias de glória de inflação alta.
Na sequência dos anos, Paulo Ferraz fechou a maior parte das filiais, reduziu o quadro de funcionários de 1000 para 400 e reformulou suas operações, atingindo benchmarks internacionais de lucro por funcionário.
O banco passou por três fases principais de desenvolvimento de mercado nos últimos 10 anos de seu funcionamento:
Arbitragem
Privatizações
Concorrência Estrangeira.
Durante a maior parte desse tempo, o banco foi liderado por um comitê executivo formado por 8 Conselheiros: Paulo Ferraz, Alvaro Lopes, Lucio Beleza, Aladim, Sergio Castro, Armando Almeida, Cury e Geoffrey Langlands. Este grupo foi informalmente chamado o G-8.
A fase de arbitragem aconteceu durante o período de alta inflação da década de 80 e início de anos 90. Bozano e outros bancos nacionais lucraram facilmente com as operações de swap de dólar.
Durante este período muitos bancos foram abertos e as redes de varejo cresceram para aumentar a base de captação de capital.
A segunda fase começou em 1991 com a primeira grande privatização no Brasil, a produtora de aço Usiminas.
Bozano assumiu posição de liderança, participando como investidor ativo. Entre 91 e 95 ou o banco ou o grupo investiram em privatizações diversas, como: Usiminas -91, Cosipa - 92, CST - 93, Embraer - 94, Ecelsa - 95.