Os quatro “rapazes” acima são os mais novos bilionários made in Silicon Valley. Se você não sabe programar, nem investe em software, é bem provável que nunca tenha ouvido falar deles. Mas deveria.
Eles são os cofundadores da Anysphere, a empresa por trás do Cursor — o app que virou febre entre desenvolvedores e investidores nos Estados Unidos nos últimos meses.
E aí você me pergunta: “Mas o que é esse tal de Cursor, Snow? E por que eu deveria me importar?”
Calma. Respira. Eu te explico.
Vai a resposta mais simples: porque essa coisa vai mudar o jeito como o mundo inteiro escreve código. E, se você entende que software é a infraestrutura invisível da economia, já sacou a dimensão da coisa.
O que o Cursor fez de diferente?
Fundada em 2022 por quatro ex-alunos do MIT — Michael Truell, Sualeh Asif, Arvid Lunnemark e Aman Sanger — a Anysphere surgiu de uma inquietação: por que a inteligência artificial ainda é tratada como um “plug-in” e não como o core da experiência de programação?
Enquanto o mundo babava no GitHub Copilot, eles fizeram outra pergunta: e se a gente reconstruísse o ambiente de desenvolvimento inteiro, do zero, com IA no centro? A resposta foi ousada: forkaram o VS Code e criaram um editor de código nativamente assistido por IA.
Não é só mais um copiloto. É um novo avião.
Crescimento fora da curva
Deu certo? Bom... em 2023, eles atingiram US$ 1 milhão em receita recorrente anual. Até aí, ok. Mas aí veio o absurdo: 9.900% de crescimento em 12 meses, saltando para mais de US$ 100 milhões de ARR. Mais rápido que Wiz, Deel ou Ramp.
E o mais impressionante: sem vender para empresas. Quem paga a conta são desenvolvedores individuais, desembolsando entre US$ 20 e US$ 40 por mês, num modelo freemium que deixa você sentir a mágica antes de abrir a carteira.
Hoje, são mais de 360 mil usuários pagantes. Entre eles, engenheiros da OpenAI, Midjourney e Perplexity — os próprios construtores do novo mundo usando o Cursor para construí-lo mais rápido.
Por que agora?
Simples: timing perfeito. Enquanto os gigantes ainda discutem como enfiar IA nos seus produtos legados, o Cursor já nasceu no mundo novo. É rápido. Intuitivo. Familiar (é baseado no VS Code). E cresce feito fogo em mato seco.
Além disso, o mercado notou:
Pré-seed de US$ 400 mil em 2022
Seed de US$ 8 milhões com a OpenAI Startup Fund em 2023
Série A de US$ 60 milhões com a16z e Thrive Capital
Série B de US$ 105 milhões em dezembro de 2024
Rodada de financiamento de $900 milhões para a Anysphere, avaliando o business em $9 bilhões.
Total? Mais de US$ 1 bilhão em caixa pra contratar os melhores engenheiros e seguir atropelando a concorrência.
Mas não é jogo ganho
Apesar da vantagem, o jogo não tá vencido. O Cursor depende do GPT-4, e se a OpenAI resolver lançar um editor próprio? Além disso, o GitHub Copilot ainda reina entre as grandes empresas, onde segurança e compliance pesam. E o movimento de AI agents, que visa eliminar o programador do processo, é uma ameaça no horizonte.
Mas por enquanto? O Cursor é o player a ser batido.
Eles não estão apenas surfando a onda da IA — eles estão redesenhando o oceano.
Graças à IA, pessoas que não têm conhecimento de programação ainda podem criar software como desejarem, e essa tendência é conhecida como Vibe Coding.
Cursor surfou a onda antes da onda chegar
Se você acha que o hype em torno do Cursor é só pela velocidade ou pela interface bonitinha, pense de novo.
Em fevereiro de 2025, Andrej Karpathy — ex-Tesla, ex-OpenAI e quase um sumo sacerdote da IA moderna — cravou em alto e bom som: o futuro da programação é o vibe coding. O termo virou trending topic no X, explodiu no Hacker News e chegou ao TikTok com devs mostrando como codam hoje só com prompts.
Mas adivinha quem já estava lá, esperando de braços abertos?
O Cursor.
Eles não apenas previram esse shift — eles construíram o produto pensando nele desde o dia zero. Quando Karpathy descreve essa nova forma de programar em que você praticamente "conversa" com a IA para codar, está descrevendo exatamente o que o Cursor entrega.
O que é vibe coding e por que importa?
Esquece aquele filme antigo em que você passa horas digitando for i in range(10):
. Com o vibe coding, você diz (ou digita) algo como:
“Preciso de uma função em Python que processe arquivos CSV e envie um e-mail de alerta se o total de vendas cair 30% em relação à média dos últimos três meses.”
E pronto. A IA gera o código. Em segundos. Em produção.
Você virou diretor de software, não mais o estagiário que escreve cada linha.
No Cursor, isso flui de forma nativa. Não é uma IA enxertada num sistema antigo. A IA está no centro da operação. É um ambiente onde o código nasce a partir da linguagem natural, e o papel do desenvolvedor muda: ele não executa, ele orquestra.
Vibe coding é só para dev?
Essa é a sacada: não.
Com ferramentas como Cursor, pessoas de produto, marketing, design — até founders sem background técnico — conseguem prototipar ideias reais com zero dependência do backlog da engenharia. A barreira técnica caiu. Você agora pode dar forma à sua ideia na velocidade de um prompt.
Mas atenção: isso não é no-code nem low-code. Aqui ainda existe código, ainda existem bugs, ainda há lógica real sendo processada. A diferença é que a IA te ajuda a atravessar o deserto da sintaxe, te empurra para focar no que importa: o que o software precisa fazer, e não como exatamente escrever cada linha.
Cursor + vibe coding = dominância?
Pode apostar.
Enquanto outras ferramentas ainda adaptam interfaces antigas ao novo comportamento dos devs, o Cursor criou uma experiência de desenvolvimento que nasceu para o vibe coding.
Respostas em tempo real? Check.
Compreensão de múltiplos arquivos e contexto? Check.
Integração suave com modelos como GPT-4 e Claude? Check.
Foco total em usabilidade e fluidez? Check, check, check.
Não é à toa que os devs da OpenAI, Midjourney e Perplexity estão usando isso todo dia. O Cursor é onde o próximo capítulo da programação está sendo escrito — literalmente.
Mas e os riscos?
Claro, não é só flores. Com a IA assumindo o volante, o risco de perda de domínio técnico é real. Muita gente vai começar a programar sem entender como funciona por baixo do capô. E isso pode custar caro na hora de escalar, debugar ou garantir a segurança de um produto.
Por isso, a recomendação é clara: use o vibe coding como alavanca, não como muleta. Se você é júnior, aprenda com o que a IA te entrega. Se você é sênior, use como boost para acelerar entregas sem abrir mão da revisão crítica.
O futuro?
Estamos num momento em que o dev deixa de ser digitador e vira estrategista.
O Cursor entendeu isso antes de todo mundo.
E agora, com vibe coding virando padrão de mercado, eles estão liderando uma revolução que vai muito além do código.
Incrível, já quero saber tudo que existe sobre isso. Ótimo texto, farei a releitura já já.
Sensacional!! Adeus horas sem dormir!