A curva apertada do real, e agora Haddad?
Newsletter urgente: após saber quem venceu na America.
A recente vitória de Donald Trump nas eleições de 2024 e sua volta à presidência dos EUA trazem expectativas de impactos econômicos globais, com reflexos diretos no Brasil.
A possibilidade de um dólar mais forte é um dos efeitos mais discutidos. Isso se deve a duas razões principais:
1. Políticas econômicas protecionistas: Trump é conhecido por sua abordagem protecionista, incluindo promessas de aumentar tarifas sobre importações (por exemplo, 10% em produtos gerais e até 60% em itens chineses).
Tais medidas tendem a elevar a inflação interna e a forçar o Federal Reserve a manter ou elevar as taxas de juros para conter a inflação, atraindo investimentos para os EUA e valorizando o dólar.
2. Aumento dos juros: A perspectiva de políticas fiscais expansionistas (cortes de impostos e estímulos econômicos) pode acelerar o crescimento econômico nos EUA.
Isso, por sua vez, pressiona o FED a subir os juros, o que eleva a rentabilidade de investimentos em ativos denominados em dólar, reforçando sua valorização.
Impactos no Brasil
Para o Brasil, a alta do dólar e possíveis ajustes nas taxas de juros nos EUA trazem consequências mistas:
Um dólar mais forte pode beneficiar exportadores brasileiros, aumentando a competitividade dos produtos nacionais no exterior.
Por outro lado, a desvalorização do real frente ao dólar pressiona a inflação interna, dado o encarecimento de importações e insumos.
Com isso, o Banco Central pode ser levado a manter os juros altos ou até aumentá-los para conter a inflação, impactando negativamente o crescimento econômico. (would Galipolo really do it ?)
O cenário de instabilidade política e econômica interna também influencia na depressão do real.
A falta de um plano fiscal crível e o aumento de despesas acima do permitido por regras fiscais recentes elevam a desconfiança dos investidores.
O crescimento da dívida pública, que alcançou 78,5% do PIB, reforça preocupações sobre a sustentabilidade fiscal do país, ampliando a volatilidade cambial e a pressão sobre a política monetária.
O governo, ao não ajustar as políticas fiscais de forma significativa, acaba por contribuir com pressões inflacionárias. Nesse contexto, a atuação do Banco Central, que utiliza a taxa de juros como ferramenta para combater a inflação, enfrenta dificuldades.
O cenário é comparado a uma situação em que o governo aumenta o gasto público (colocando "gasolina" na economia), enquanto o BC tenta combater os efeitos disso com "um pouquinho de água", ou seja, políticas monetárias restritivas, que podem não ser suficientes para controlar a inflação
Com essas variáveis em jogo, a economia brasileira enfrenta desafios significativos nos próximos meses, especialmente se o dólar continuar a subir e as pressões inflacionárias aumentarem.
A capacidade do Banco Central de atuar com independência e manter uma governança forte é crucial para evitar "absurdos" econômicos vistos em períodos anteriores.
Em um cenário onde a inflação continua sendo uma ameaça e as incertezas persistem, o manejo das políticas internas e a resposta aos desafios globais determinarão a estabilidade e o crescimento econômico do país.